3.07.2011

uma imagem sozinha é como um cantil no deserto

uma imagem é uma atitude, é um acto criativo de responsabilização ética.
nenhum fazedor de imagens pode sair impune se filmar os asco, pelo asco; o nojo, pelo nojo; o feio, pelo feio.
nenhum cineasta deveria atrever-se a filmar o privado como estética.
nenhum plano deveria estar empapado em sangue, lama, merda ou esperma.
as imagens não são manipuláveis por natureza, assim como os homens não são maus por natureza, mas da mesma forma que há quem nos torne maus, há quem nos manipule as imagens.
o plano é maleável e sacro-santo;
o enquadramento é alterável, mas a sequência é um fim e não um meio;
o conteúdo é o bónus da forma e é a forma que dá origem ao informe, ao imaterial, ao novo e inclassificável limbo que fica depois das imagens.
mas a imagem é multiplicativa - uma puxa outra.
todas as imagens têm significado e todas elas comunicam (independentemente).
uma imagem sozinha é como um cantil no deserto, é pouco e só interessa se estiver cheio.
como filmar a morte com tento e com respeito, mas sem veneração conventual ou vulgaridade televisiva. como filmar o amor, não a paixão ou o desejo, mas sim o amor - genuíno. 

Sem comentários: