6.22.2008

Allen vezes 2

Allen é um grande realizador, isso, não é descoberta para ninguém, penso eu, agora que ele faz coisas que não se limitam á comédia já pode ser uma descoberta para alguns dos mais desatentos, o que eu não sabia era que ele, por vezes, mistura as coisas e entregava-nos uma salada de frutas bem saborosa e agridoce, os mais fanáticos possivelmente já saberão do que estou a falar, o filme chama-se Melinda e Melinda.

Allen faz das suas, quando junta um quarteto de amigos num café para passarem um bom serão de divagações artísticas e sociais, de uma lado o dramaturgo de dramas e do outro um de comédias, a apaziguar os ânimos temos uma amiga conciliadora e do outro lado um amigo que gosta de pôr mais achas na fogueira.
E tudo parece bem, e é de facto, cada um inicia a sua história, começando de um momento comum, a chegada de alguém inesperado no meio de um jantar importante, para um isto é o inicio da desgraça, para o outro o inicio de uma espiral cómica divertidíssima, e tudo junto dá um prato fora do vulgar e de sensacional sabor.
Melinda e Melinda pode não ser dos melhores filmes de Allen na comédia nem no drama, mas deve ser certamente o melhor na conciliação dos dois, um filme que quer queiramos quer não vive do seu estilo fragmentado, que acaba por retirar um pouco da força dramática e um pouco do humor alleniano, mas a junção das coisas é feliz e vale a pena.




O outro filme que vi do senhor Allen, de modo a que possa fazer esta x2, foi o seu maior trabalho, não em duração, mas sim em importância profissional (prémios, como o Oscar) e em importância social, na medida em que ninguém que diga ter vivido nos anos 70' e não viu o filme é alguém de respeito (estou a brincar, como é obvio).

Este foi um filme que estive para ver durante muito tempo e que faz parte de todos os livros de cinema e da história do cinema, por isso ver este filme pela primeira vez, foi uma experiência diferente, porque havia cenas que eu já conhecia sem nunca as ter vistos, caso da fila para a entrada do cinema e a cena das lagostas, dois momentos maravilhosos da história do cinema.
Annie Hall é sem dúvida um dos melhores filmes que Allen fez e uma das coisas mais maravilhosas, penso que devia ser obrigatório ver este filme na aulas de filosofia no Secundário, porque tenho certeza que muita gente se sente tocado por um filme como este, é certo que uma boa parte da humanidade que viu este filme ficou com alguma marca e se o viu numa fase de formação de personalidade sem dúvida que foi influenciado (de modo positivo) por Allen e pelos ser maneirismos.
A Piada inicial, o monólogo inicial diz tudo sobre o filme:
Duas senhoras, já de certa idade estão a almoçar no restaurante de um hotel, provavelmente n
uma dessas excursões que as pessoas de Terceira Idade fazem, e uma comenta para a outra: A comida aqui é muito má, não achas?
A outra senhora responde prontamente: Sim! E as porções são tão pequenas!

E isto é a vida para Allen, esta necessidade de viver, mesmo que isso seja um processo penoso.
A componente romântica do filme é enternecedora, quase juvenil, como as paixões de miúdos da primária, só que desta vez as piadas são de cariz sexual, coisas tão brejeiras, como: vamos jogar ao ‘Esconde o Salame’.
Os momentos musicais são soberbos a vida escorre pelos fotogramas do filme e cada instante é sincero, verdadeiro e fraterno.
7.5 /10 - Bom
10/10 - Obra-prima

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