6.30.2009

Universalizando o formato de Tele-disco


Com a morte de Michael Jackson (MJ), muitas vozes se levantam, exaltando o génio do músico. Há que ter a noção que MJ foi e continuará a ser um símbolo maior no panorama musical, e na instituição na cultura POP massificada do conceito de videoclip, poder-se-á dizer que sem MJ não haveria MTV como a conhecemos, mas verdade seja dita, os seus tempos áureos passaram, e desde a mudança de cor e o escândalo da pedofilia, que as dívidas eram maiores que os rendimentos - ouvi mesmo um comentador dizer que MJ vale mais agora morto do que quando em vida.
Importa pouco perceber se é Thriller, como alguns defendem, o "primeiro teledisco". Um fã dos Queen falará do teledisco de Bohemian Rhapsody, um dylaniano referirá a encenação de Subterranean Homesick Blues no Don't Look Back de Pennebaker, os beatlemaníacos defenderão certas sequências dos filmes que Richard Lester fez com os fab four, e por aí fora até encontrarmos algum cinéfilo a defender que a raiz dos telediscos se encontra nos musicais de Busby Berkeley.

Mas verdadeiramente Thriller não é um videoclip, ou pelo menos não o é segundo os parâmetros actuais, é sim, uma curta-metragem, de um realizador na altura em ascensão (John Landis que há altura já havia realizado An American Werewolf in London, sendo que a sua carreira tem vindo a descer de nível, passando cada vez mais pela televisão e já tendo recebido três nomeações para os Razzies- não que estes sejam um indicador seguro), que por acaso tem uma coreografia lá no meio com o cantor e a música que intitula a curta.

Mas o bom gosto pela tele-disco e a marca de MJ não se ficaram por Thriller, outras músicas mais tarde e já instaurada o conceito de vídeo musical na televisão como 'a' forma de ver música e objecto indispensável na divulgação massificada, veio Bad (1 e 2), realizado por um senhor maior - Martin Scorsese - que mais uma vez fez um curta que lá no meio tem uma música coreografada homóloga ao filme, mas que até parece um anexo, pela negritude de todo o filme em oposição aos pulos coloridos de MJ durante a cantoria.

Anos mais tarde e já com uma cor diferente, MJ chamou Spike Lee para filmar no Rio de Janeiro They Don't Care about us, que se enquadra na perfeição nas conhecidas posições políticas do realizador quanto ao racismo e discriminação.

Michael Jackson marcou perfundamente a forma como se 'vê' música, universalizando o formato de Tele-disco, e daí, mudou completamente a forma como se passou a fazer televisão e cinema, basta ver Moulin Rouge ou Requiem for a Dream. Por isto o seu desaparecimento é um grande golpe na história do século XX e na história da música e do cinema.

Sem comentários: