11.21.2009

That's a BINGO


O que me motiva escrever sobre Inglourious Basterds é nada mais nada menos que a exibição de The Dirty Dozen de Robert Aldrich na Cinemateca (no ciclo dos Divos às Matinés a propósito de Lee Marvin); com este filme de 67 inaugurou-se um subgénero dentro do cinema de guerra, ou seja, aquele em que um grupo muito particular é enviado numa missão também ela muito particular (coincidência das coincidências, neste filme temos um bando de malandros que é enviado para matar um montão de nazis de topo, rebentando-os), como é óbvio Tarantino vem beber (e muito) a esta obra, coisa que é mais do que prática comum nos seus filmes, claro que não se fica por aqui, The Searchers aparece com um plano de uma porta (o tal), Bronenosets Potyomkinb como já tinha falado, a cabeça gigante é referência ao Oz, Scarface também aparece mas provavelmente por acaso, Quel maledetto treno blindato é citado pelo título americano, e claro dezenas de referências na banda sonora entre elas Cat People com o tema de David Bowie, e outras tantas com os posters no cinema de Shosanna, para não falar das mais directas, os filmes de Pabst (nomeadamente Die weiße Hölle vom Piz Palü) e o cinema de propaganda nazi (nomeadamente Triumph des Willens).
O que é maravilhoso neste filme, e sinal maior da inteligência cinéfila de Tarantino, é que esta colecção de filmes funciona muito mais do que uma simples indulgência narcisista, mas como a derradeira homenagem ao cinema. Os títulos não se sucedem uns a seguir aos outros, os títulos tomam parte e lidam a acção; só mesmo Tarantino para usar como arma secreta da espionagem britânica um crítico de cinema, ou por outro lado ser num cinema que se assassina Hitler, ou melhor, ser através da queima das películas que se incineram (vingança judia, paga na mesma moeda) os Nazis nos maiores postos militares e políticos. O Cinema derruba o nazismo e vence a guerra! O Cinema traz a paz ao Mundo!
Só mesmo Tarantino!

P.S.: Pouco importa que haja uma brilhante fotografia e guarda roupa, que Tarantino tenha o maior controlo da câmara, que os diálogos sejam a perfeição em si e os actores estejam melhores que nunca e que tudo seja perfeito.
Tudo isso pouco importa, porque o que é preciso é ver o filme e sentir em cada centímetro do corpo que há coisas humanas maiores que o próprio homem.

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