1.11.2010

Porque Rohmer não morreu

Já não havia um dia em que achasse que o mundo do cinema tivesse ficado tão pobre, assim de um momento para outro, como hoje (da última vez, acho que foi aquando da morte de Pollack), a morte de Rohmer é coisa inqualificável!, faz espécie, pensar que indivíduos de tamanha genialidade sejam mortais como cada um de nós, mas sabe sempre bem perceber que afinal não é bem assim, alguns, mais do que outros, mantêm-se vivos enquanto houver memória (que é sempre refrescada pelas edições em dvd, as quais são bastantes completas no que a Rohmer diz respeito) da sua obra.
Rohmer nunca morrerá!, ou pelo menos enquanto eu viver, se há cineasta que me tocou a um nível que é raro acontecer esse senhor é Eric Rohmer, um brilhante ensaísta, director da mais prestigiada revista de cinema, um dos fundadores da nouvelle vague e dono da mais pura, singela e (convenhamos) perfeita cinematografia.
Apesar da sua idade (faria os 90), há dois anos estreou um filme (Les Amours d'Astree et Celadon, na imagem) que é sinal da enorme radicalidade do seu autor, tudo filmado ao primeiro take, sem ensaios nem nada, cinema puro, virgem, cru. Filme cheio de ALMA, tão imberbe e ao mesmo tempo a escorrer lições de vida, tão aparentemente simples e ao mesmo tempo cheio de inovação (basta lembrar o trabalho digital de A Inglesa e o Duque).
Não só por estas coisas, mas também, até algumas horas Rohmer era o meu cineasta (vivo) de eleição, agora, por imposição biológica perdeu o posto, mas nunca perderá um adorador (ou pelo menos enquanto eu viver, e desta forma manter-se-há vivo, no matter what - ou usando o idioma francês, para que ele, onde quer que esteja, perceba melhor - quel que soit)

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