9.30.2010

Pensemos com a cabeça

Pensemos com a cabeça. Faz uns meses um grupo de realizadores, em que Oliveira entrava como cabecilha, escreveu e apresentou esta petição/manifesto. Agora tem mais de 3 mil assinantes. Devido à petição algum burburinho se fez. O Câmara Clara dedicou-lhe um programa. Alguns dos peticionários foram entrevistados. Mas muito pouco se fez. O FICA de facto ganhou nova gerência e deverá estar a começar a carburar. O resto das exigências ficou-se pelo caminho. Curiosamente, uma delas, era exigência de que a RTP cumprisse com o seu contracto para com o estado e passasse cinema português, assim como a contratualização de plataformas de distribuição com os privados.

Agora pensemos com a cabeça. A petição (da qual faço parte) para o regresso da exibição regular de cinema na RTP2 tem cerca de metade dos assinantes que a outra tem (em pouco mais de um mês). Não tem Oliveira, mas tem vindo a ver os sucessivos apoiantes: Mozos, Mexia, Luis Peixoto, Alice Vieira, Mário Grilo, Mário Jorge Torres, Mourinha, Cintra Torres, Rui Morrison, Inês Medeiros, Raquel Freire, Gonçalo Waddington, Lauro António, Vasco Pimentel, entre tantos mais. Não tem tido a atenção mediática que a outra teve. Nunca fará uma aparição no Câmara Claro pelos motivos que são mais do que óbvios.


Agora tenhamos calma. O que esta petição pede é muito mais simples que colocar o FICA, que gere várias dezenas de milhões de euros, a funcionar. O que se pede é simples. Mais cinema na televisão. Verdadeiro serviço público. Como disse o senhor Mourinha, bastava que parte da programação da RTPMemória fosse exibida na RTP2 e parte do problema ficava resolvido. A outra parte era, por exemplo, cancelar a aberração que é o Janela Indiscreta com o Mário Augusto (uma panóplia mal fermentada de trailers e entrevistas assépticas) e gastar esse dinheiro num cadeirão, num green chroma e pôr o João Lopes (que já faz o cartaz de cinema da SICNotícias - serviço publico pelos privados!), ou o Cintra Ferreira ou qualquer outro crítico que saiba alguma coisa digna, a programar, apresentar e comentar os filmes exibidos.

Agora, depois de pensar. Há que agir. A petição tem cerca de 1300 assinantes. São cerca de 1300 vozes. 1300 bocas a falar. 1300 bocas para calar. 1300 bocas que só se calam quando deixarmos de ter 8 horas diárias de desenhos animados, 4 séries americanas diárias (que qualquer privado poderia exibir) e 2 documentários enlatados sobre macacos. É só pensar um bocadinho e ter calma. Não estamos a pedir assim tanto.

5 comentários:

Luís Mendonça disse...

Texto óptimo. Força camarada!

A Bola Indígena disse...

Visita

http://febre7arte.blogspot.com/

Abç

OffTimeGirl disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
OffTimeGirl disse...

Interessante pensar que colocar mais cinema português nos canais do estado em sinal aberto seria serviço público.

(Mais) Interessante pensar que os canais do estado têm alguma viabilidade...

Ricardo-eu disse...

a viabilidade dos canais de televisão do estado não é uma questão, por não serem eles, criados para obter rendimento. A função da televisão pública é a de fornecer aquilo que os privados não fazem. Daí que passar cinema nacional seja uma função da televisão estatal, porque nem a sic nem a tvi passam uma pinga do que por cá se faz (como é óbvio mini-séries como equador e as parasíticas telenovelas não contam).

Obrigado pela atenção
Obrigado Luís