Pensemos com a cabeça. Faz uns meses um grupo de realizadores, em que Oliveira entrava como cabecilha, escreveu e apresentou esta petição/manifesto. Agora tem mais de 3 mil assinantes. Devido à petição algum burburinho se fez. O Câmara Clara dedicou-lhe um programa. Alguns dos peticionários foram entrevistados. Mas muito pouco se fez. O FICA de facto ganhou nova gerência e deverá estar a começar a carburar. O resto das exigências ficou-se pelo caminho. Curiosamente, uma delas, era exigência de que a RTP cumprisse com o seu contracto para com o estado e passasse cinema português, assim como a contratualização de plataformas de distribuição com os privados.
Agora pensemos com a cabeça. A petição (da qual faço parte) para o regresso da exibição regular de cinema na RTP2 tem cerca de metade dos assinantes que a outra tem (em pouco mais de um mês). Não tem Oliveira, mas tem vindo a ver os sucessivos apoiantes: Mozos, Mexia, Luis Peixoto, Alice Vieira, Mário Grilo, Mário Jorge Torres, Mourinha, Cintra Torres, Rui Morrison, Inês Medeiros, Raquel Freire, Gonçalo Waddington, Lauro António, Vasco Pimentel, entre tantos mais. Não tem tido a atenção mediática que a outra teve. Nunca fará uma aparição no Câmara Claro pelos motivos que são mais do que óbvios.
Agora tenhamos calma. O que esta petição pede é muito mais simples que colocar o FICA, que gere várias dezenas de milhões de euros, a funcionar. O que se pede é simples. Mais cinema na televisão. Verdadeiro serviço público. Como disse o senhor Mourinha, bastava que parte da programação da RTPMemória fosse exibida na RTP2 e parte do problema ficava resolvido. A outra parte era, por exemplo, cancelar a aberração que é o Janela Indiscreta com o Mário Augusto (uma panóplia mal fermentada de trailers e entrevistas assépticas) e gastar esse dinheiro num cadeirão, num green chroma e pôr o João Lopes (que já faz o cartaz de cinema da SICNotícias - serviço publico pelos privados!), ou o Cintra Ferreira ou qualquer outro crítico que saiba alguma coisa digna, a programar, apresentar e comentar os filmes exibidos.
Agora, depois de pensar. Há que agir. A petição tem cerca de 1300 assinantes. São cerca de 1300 vozes. 1300 bocas a falar. 1300 bocas para calar. 1300 bocas que só se calam quando deixarmos de ter 8 horas diárias de desenhos animados, 4 séries americanas diárias (que qualquer privado poderia exibir) e 2 documentários enlatados sobre macacos. É só pensar um bocadinho e ter calma. Não estamos a pedir assim tanto.
5 comentários:
Texto óptimo. Força camarada!
Visita
http://febre7arte.blogspot.com/
Abç
Interessante pensar que colocar mais cinema português nos canais do estado em sinal aberto seria serviço público.
(Mais) Interessante pensar que os canais do estado têm alguma viabilidade...
a viabilidade dos canais de televisão do estado não é uma questão, por não serem eles, criados para obter rendimento. A função da televisão pública é a de fornecer aquilo que os privados não fazem. Daí que passar cinema nacional seja uma função da televisão estatal, porque nem a sic nem a tvi passam uma pinga do que por cá se faz (como é óbvio mini-séries como equador e as parasíticas telenovelas não contam).
Obrigado pela atenção
Obrigado Luís
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