9.02.2010

A RTP2 não será nem Lixo nem Luxo - III

 Da esquerda para a direita: Poltergeist (1982) de Tobe Hooper, Videodrome (1983) de David Cronenberg e Ringu (1998) de Hideo Nakata

Passa-se um fenómeno estranho e revelador do estado em que se encontra a ocupação do espaço publico de televisão: a melhoria da programação da RTP2 no verão (período em que os programas normais estão de férias, o que diz muito dos ditos programas).

Durante o ano, a programação nocturna da RTP2 é mecanizada, depois do jornal vem a série do dia, depois o diário e depois um programa (A de autor, Bairro Alto, Janela Indiscreta) ou mais uma séria (Dexter e Erva). Ás sextas a coisa mudava um pouco e aparecia um documentário, passou Ensaio sobre o Teatro do Rui Simões e Grizzly Man do Herzog. Ao Sabado temos a sessão dupla que se caracteriza pela escolha (mais ou menos) selecta de filmes, o problema desta opção é por vezes a ausência de relação entre os títulos e mais que isso a  falta de uma introdução, como o Benard fazia, alguém que saiba de cinema e contextualize os filmes no seu tempo e na obra do seu realizador ou actor ou argumentista. Domingo temos o Câmara Clara (em grande - em tempo e convenhamos em interesse). E segunda voltamos ao mesmo.
Embora as séries possam ser interessantes (eu perco-me com o Pushing Daisies) e as entrevistas do Bairro Alto me despertem a curiosidade, é indiscutível que agora no mês de Agosto estamos a ter uma programação mais digna apesar de não menos maquinal.

Depois de 5 noites, 5 filmes sobre a rádio [Radio Days, A menina da Rádio, A Prairie Home Companion, Pump Up the Volume e Good Morning, Vietnam], temos vindo a ver desde então blocos de 5 documentários (sempre de uma hora) sobre:
  • 5 escritores portugueses [Sophia, Agustina, Cruzeiro Seixas, Lobo Antunes e Jorge de Sena]; 
  • 5 realidades sociais [Vale Tudo?, A Minha Rua, Estou Lá!?, Metro Quadrado e Na terra como no céu]; 
  • 5 artistas da música [Fado Celeste, As cordas de Amália, Diva: Simplesmente uma homenagem, Movimentos Perpétuos: Tributo a Carlos Pardes e Não me obriguem a vir para a rua gritar];
  • 5 relações com as ex-colónias [Dicas no Vinil com Sam The Kid, Hotel Grande, É dreda ser Angolano, O Lugar da História, Angola - Hisória da Música Polupar] - esta semana;
  • 5 momentos da República Portuguesa [O Cometa da República, Manuel Tito de Morais, Meu Pai, Humberto Delgado, História do Parlamento Português I e II] - na próxima semana;
algo que é de louvar. Creio eu que nunca na história da televisão houve uma dedicação tão grande ao documentário português, em selecções concisas e inteligentes e apesar de televisivos, alguns são de excelente qualidade, de salientar: Jorge de Sena, Estou Lá!?, Na Terra como no Céu, Diva e Movimentos Perpétuos.

O que posso concluir é que por desleixo veraneante a programação melhorou, ou talvez, alguém da televisão leia o que se escreve por estas bandas.

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