O final deste ano que agora terminou trouxe-nos uma figura curiosa, um monstro medonho e terrível. Primo da troika, só que desta vez, mais do que a desmaterialização dos mercados, a questão centra-se no género da coisa, temos um animal hermafrodita: merkozy. A merkozy. O merkozy. Mas quem é essa coisa. Não é humana por ter pensamentos diferentes e estar em locais diferentes em simultâneo. Por não representar nem uma política nem sequer uma ideologia comum. Não tem nacionalidade, apesar de se poder denominar europeu. Merkozy é uma solução jornalística na onda do cartonesco que é de uma ridicularia invulgar. Mais triste é o facto de este não ser um fenómeno nacional, é coisa que se reproduz em Espanha, França, Itália e certamente noutros países periféricos. Mais uma figuração demoníaca dos males europeus que afectam as economias mais expostas e que consegue, de forma singularmente cruel, retirar tudo aquilo que de humano há em cada um dos senhores dirigentes: Merkel e Sarkozy. O mais ridículo é que passada a maldade ingénua da aniquilação do pessoal, merkozy ganha luzes de bicho concreto. Torna-se um termo usado pelos comentadores e por transitividade pelos jornalistas, como se estivesse associado a algo palpável. Mesmo que o poder da Europa esteja em grande parte nas mãos do presidente francês e da chanceler alemã, não quer isso dizer que os seus desaires sejam coadjuvantes. O que entristece verdadeiramente não é o facto de Merkel e Sorkozy serem chacoteados pelos jornais (isso seria o menos), a questão é que nestas figurações voláteis agregam-se tantos ódios e desculpabilizações que eventualmente hão de dar azo a acções físicas e irreparáveis.
1.03.2012
O final deste ano que agora terminou trouxe-nos uma figura curiosa, um monstro medonho e terrível. Primo da troika, só que desta vez, mais do que a desmaterialização dos mercados, a questão centra-se no género da coisa, temos um animal hermafrodita: merkozy. A merkozy. O merkozy. Mas quem é essa coisa. Não é humana por ter pensamentos diferentes e estar em locais diferentes em simultâneo. Por não representar nem uma política nem sequer uma ideologia comum. Não tem nacionalidade, apesar de se poder denominar europeu. Merkozy é uma solução jornalística na onda do cartonesco que é de uma ridicularia invulgar. Mais triste é o facto de este não ser um fenómeno nacional, é coisa que se reproduz em Espanha, França, Itália e certamente noutros países periféricos. Mais uma figuração demoníaca dos males europeus que afectam as economias mais expostas e que consegue, de forma singularmente cruel, retirar tudo aquilo que de humano há em cada um dos senhores dirigentes: Merkel e Sarkozy. O mais ridículo é que passada a maldade ingénua da aniquilação do pessoal, merkozy ganha luzes de bicho concreto. Torna-se um termo usado pelos comentadores e por transitividade pelos jornalistas, como se estivesse associado a algo palpável. Mesmo que o poder da Europa esteja em grande parte nas mãos do presidente francês e da chanceler alemã, não quer isso dizer que os seus desaires sejam coadjuvantes. O que entristece verdadeiramente não é o facto de Merkel e Sorkozy serem chacoteados pelos jornais (isso seria o menos), a questão é que nestas figurações voláteis agregam-se tantos ódios e desculpabilizações que eventualmente hão de dar azo a acções físicas e irreparáveis.
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