Há um aspecto muito curioso em They Live do senhor Carpenter. Nos momentos em que nos parece que os personagens estão desenvolvendo algo de especial, isto é, nas cenas de amor, Carpenter bate na mão dos meninos e diz, feios! Na primeira cena romântica, em que casa dela, Carpenter atira-o pela janela quando o beijo se aproximava. Depois na casa dos clandestinos quando um chocho se prepara, Carpenter rebenta uma parede e entra uma batelada de polícias armados até aos dentes a matar tudo o que mexe. Claro, no fim ele espeta-lhe um tiro nos cornos.
3 comentários:
Bem visto. Dava para analisar Carpenter à luz da ausência de um discurso amoroso, ou de um discurso amoroso sempre interrompido - gaguejante!
Talvez por isso me tenha engraçado tanto com o Starman, o único filme dele que aceita essa veia romântica que ele parece conscientemente evitar, mas que o faz a muito custo...
Sim, o "Starman" pode ser compreendido como a não interrupção do discurso amoroso em Carpenter. Mas essa não interrupção está sempre lá, mesmo quando não é interrompida. O facto de só conseguires "isolar" "Starman" nesta equação é sintomático disso.
Mas, sim, valoriza-o na experiência da obra - a meu ver, fundamentalíssima - do Carpenter. (Fundamentlíssima e profundamente não fundamentalista, aliás, contra todos os fundamentalismos...)
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