1.09.2008

Jogos de Poder (Charlie Wilson's War)

O primeiro filme do ano para a minha pessoa é este, viu no dia 5 de Janeiro na sessão das nove e qualquer coisa e a sala apesar de não estar a abarrotar, já estava consideravelmente cheia.O enredo centra numa personagem principal, Charlie Wilson (Tom Hanks) que é senador nos Estados Unidos, representando o estado do Texas, é um homem peculiar, que aprecia bastante o sexo oposto e que apesar de muito desconhecido, tem muita influência, devido ás poucas necessidades do seu estado (os votos dele nas assembleias são por conveniências políticas). Temos depois a sexta mulher mais rica do estado (Julia Roberts), numa elegante senhora de extrema-direita e extraordinariamente católica. Por fim temos a mais extraordinária personagem principal do argumento, desempenhada por um dos melhores actores do momento (Philip Seymor Hoffman), num papel tão deslumbrante, quanto a sua personagem é amarga.Por obras o destino os senhores unem-se e da sua união dá-se o fim da guerra-fria e a queda do muro de Berlim.O filme é delicioso, um bombom cinematográfico divinal, daqueles filmes que se pudéssemos éramos capazes de comer a película. Neste filme tudo são rosas, não há nada que seja mau, a direcção (de Mike Nichols) é elegante, suave e muito agradável, mas que é precisa nos momentos certos, tornando-se quase acutilante, os actores são incomensuráveis, nenhum dos senhores tem maus papeis, os argumento é sólido, inteligente e muito divertido. Não sei bem porquê uma senhora que faz parte de critica cinematográfica no jornal SOL disse, e tento reproduzir como me recordo, que bons actores, boa realização e bom argumento não faziam um bom filme. Eu pergunto-me será que é mesmo assim? Essas são as coisas mais importantes num filme, e neste filme não há nada a apontar.
O objectivo do nosso curioso trio é sem dúvida mandar o comunismo a baixo, para isso terão que fornecer armas aos países vizinhos á Rússia, que na altura estavam invadidos, para que estes possam acabar por derrubar o regime totalitário. Claro que tudo muito lentamente, um helicóptero de cada vez e lá vão caindo os russos, no momento em que pela primeira vez os resistentes conseguem mandar um helicóptero a baixo somos cheios de júbilo, mesmo que isso se traduza na morte de uma pessoa, e lembro-me de enquanto estava sentado na cadeira do cinema pensar: "nunca me deu tanto prazer ver pessoas a serem mortas", porque nessas situações a mestria da direcção é tanta que a situação acaba por ter piada, uma vez que os pilotos russos estavam a discutir a sua vida privada (entenda-se casos extra matrimoniais).
Mas no fundo os filme fala de temas muito sérios de uma maneira muito descontraídas, há quem diga que esse é o maior defeito do filme, mas na realidade e pela minha perspectiva esse é um dos seus melhores atributos. No entanto não é só para rir que o filme foi feito, o filme é mais uma explicação da situação actual da América, uma vez que apesar de ganhar a guerra, os estados unidos montaram o estaleiro para que mais tarde outra guerra se iniciasse. O filme mostra-nos numa das mais chocantes partes que durante a guerra e a luta o orçamento sobe de 5milhoes para mais de 1000 milhões, mas no fim da guerra estar ganha não quiseram gastar dinheiro na construção de uma escola, para as crianças desalojadas, ou para os estropiados, para os órfãos.
"We fucked up the endgame".
Tentei arranjar uma imagem duma cena que eu acho extraordinária, que é simplesmente um plano da diva desta história a arranjar as pestanas com um alfinete de dama, junto a um pequeno espelho, vendo-se a sua cara nele, e no espelho maior (de casa de banho) á sua frente, o reflexo do senhor Charlie, este simples plano é extraordinário, depois ainda nessa cena há um grande plano da cara dela a arranjar as pestanas uma a uma; com um objecto perfurante tão perto dos olhos a cena é quase arrepiante, e a seguir dá-se uma das melhores piadas do filme, quando se faz uma referência ao número de orgasmos que cada um tinha podido usufruir nessa noite. Ainda embebidos nessa piada, dá-se um corte para imagens de artigo da União Soviética. É genial, simplesmente genial.

8/10 - Muito Bom


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