5.06.2008

Scorsese vezes 2

Scorsese é um dos grandes realizadores americanos, com a sorte de estar vivo, e com um conjunto de filmes que podia muito bem ser usado com motivo de chacota para um conjunto de senhores de hollywood que nem aos calcanhares do pior (se há) de scorsese chegam.

Este senhor que sempre me deu dores de cabeça em escrever o nome, mas agora já o faço com maior facilidade, fez filmes maravilhosos, e só á sexta nomeação da academia é que venceu finalmente o seu tão merecido oscar, ainda mais por um filme que sem tirar nem pôr é excelente (para quem não acredita na perfeição, não o é, para quem acredita como eu, é-o sem qualquer dúvida).

Mas o que escrevo hoje não é por The departed, mas sim por um dos seus melhores (e um dos seus nomeados), Raging Bull, com o seu "actor fetiche" (não sei se será o termo indicado), Mtr Deniro, que é de facto uma obra prima inquestionável (eu não gosto de dogmas, mas há coisas que são inegáveis), e de um outro, se calhar mais fraquinho que o anterior, também um na sua colecção de filmes nomeados mas que saíram vencidos (mas no qual a senhora Blanchett venceu o seu oscar de melhor actriz secundária), o por vezes rebaixado, The Aviator.

Com uma diferença de um mês vi os dois, e devo dizer com grande esclamação que Scorsese é sem dúvida genial e que tem um paranoia com lampadas de flash a fundirem:
As duas de cima são imagens do Raging Bull e as duas de baixo são imagens do The Aviator, e pelo que sei, mas nunca tive a sorte de ver, Casino também tem estas maravilhosas sequências de flashs, quase epilépticos. No the aviator são estas sequências que constroem a personagem de Howard Hughes, no Raging Bull, apenas tem uma função decorativa e até certo ponto descritiva da decadência da personagem.

Que ambos são filmes muito bons e que um deles (o mais antigo) uma obra prima, ninguém discorda (suponho eu), em The Raging Bull, cada plano é perfeito, em que tudo é emoção, vida, alma e que a existencia por si só, convoca em nós, espectadores a verdadeira sensação de estar vivo (e isto será o que é para mim uma obra prima, pelo menos ao nível do cinema).

Poderá considerar-se errado comparar duas obras uma melhor e uma pior para elevar a melhor e rebaixar a pior (leia-se ligeiramente inferior em qualidade), mas neste caso, não se pode dizer que The aviator é um filme mau, para começar porque não o é, mas segundo e mais importante, é um grande filme, quase o Citizen Kane de Scorsese (pelo menos na vertente de biografia de um génio com as suas particularidades), no entanto já não se pode comparar Orson Welles a Dicaprio (na representação, como é óbvio). Tenho que confessar que não sou um dos maiores amantes de Dicaprio, concordando inequivocamente que se trata de um bom actor, acho-o bonito de mais e isso faz-me pensar, erradamente, que ele só faz o que faz: não pelo talento mas pela beleza, claro que este preconceito estúpido da minha parte desaparecerá quando lhe puserem uma maquilhagem horrível e ele fizer um papelão de tirar o folego.
8/10 -Muito bom
10/10- Genial

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