Na vida, como o passar desta (curta para o meu caso), por entre os dedos mais ou menos gastos e cansados dos tantos afazeres que todos temos, vê-mos coisas que nos tocam profundamente e nos marcam como seres humanos, nos definem na nossa forma, no nosso pensar, no nosso verdadeiro ser.
Na vida, temos a possibilidade magnifica de viver, coisa óbvia (e certamente Lapalice ficaria orgulhoso), mas esta existência física e sentimental, é por si só uma vantagem esmagadora que por condução nos enriquece o espírito.
Na vida, podemos seguir (espero e acredito que assim seja) os caminhos que decidimos tomar e podemos percorre-los completamente, ou melhor, podemos percorre-los, até ser-nos impossível continuar, na medida em que perder todos os objectivos é perder a própria vida.
Hoje, vinha no metro com uma colega do curso intensivo de espanhol que fiz neste mês e a senhora, que tinha um filho mais velho que eu um ano, disse-me em tom de despedida (uma vez que o curso acabou hoje), para eu viver a vida, estar e partilhar o tempo com os amigos, fazer-me à aventura, descobrir coisas novas, novas pessoas, novas gentes, culturas, ideias, tal e qual como o seu filho, um ano mais velho que eu, fazia, no exacto momento em que a senhora sua mãe falava.
Eu, depois de ouvir estas palavras, desfiz-me, como tantas vez acontece, em pó. É, como se o meu coração e todas as minhas entranhas desaparecessem e ficasse só um saco com movimento, oco e vazio (eu gosto de repetir sinónimos).
Eu a cada dia que passa, em que veja a felicidade alheia, fico mais mole, viscoso, podre, como se a minha curta idade fosse inversamente proporcional à minha idade sentimental, eu vejo que estou congelado por dentro. Os meus amigos, não são (ou estão) no nível a que a palavra amigo eleva uma pessoa, eu não passo tempo com eles, eu não conheço novas pessoas e se isso acontece a minha atitude é de fugir a sete pés delas, não me faço à aventura, tenho tudo sob controlo, tenho o relógio adiantado 4 minutos com precisão, chego aos locais que quero ir a horas e as restrições que me coloco amordaçam-me.
Isto tudo para dizer que de vez em quando sou assolado por uma tristeza avassaladora e sufocante.
No entanto tenho o cinema, e é ele a minha droga de eleição (não que eu tenha outra), na medida em que não consigo passar muito tempo sem ir ao cinema, alugar um DVD, ou ver um que tenha comprado, não consigo passar sem visitar os sítios do costume e é o cinema que me faz ser o que sou, o cinema formou e forma a minha pessoa, os filmes que vejo acabam por ser parte da mim, integram-se dentro do que eu sou e não saem, no entanto, mesmo que pudessem, eu não lhes permitiria tal escape, porque aí ficaria realmente um saco vazio e oco.
O cinema é a minha vida, não que eu viva disso, uma vez que por agora vivo à custa dos progenitores, mas é a minha vida, o meu ópio, a minha dependência, porque a seguir a um qualquer filme há uma libertação do mundo exterior, há um flutuar, mesmo que manco, num éden paradisíaco.
Por isso ao longo destes ano eu criei uma dependência mais agravada e quase mórbida com filmes tristes (não pensem que sou preconceituoso, eu vejo tudo o que posso e me interessa, mas sinceramente, são poucas as comédias que têm lugar nos meus Tops), morbidamente tristes, e são da minha eleição os filmes que me façam chorar com uma criança a quem tiraram os chupa-chupa, este ano, chorei como nunca antes havia chorado com um filme (ou qualquer outra coisa) quando vi o Into the Wild, um outro terá sido Mio Fratelo é Fligio único, mas há outros filmes (caso do Couers) em que a tristeza se impregna na carne e, sem a fazer vacilar, corroí-lhe as forças. Este masoquismo da minha parte é derivado de um gosto inquestionável de sofrer (num ambiente controlado que é o filme e o cinema), uma vez que o sofrimento profundo se traduzirá num verdadeiro júbilo de proporções amplas e vastas (lá estou eu de novo), mas com o passar do tempo e do escorrer da vida por entre os dedos, vejo que se calhar esta queda para a tortura pessoal seja mais prejudicial que benéfica.
Espero ansiosamente o Baile de Outono.
Peço desculpa se incomodei, aborreci ou estraguei o dia a alguém mas isto tinha que vir cá para fora e, mais uma vez peço desculpa, se o que veio cá para fora não devia.
Na vida, temos a possibilidade magnifica de viver, coisa óbvia (e certamente Lapalice ficaria orgulhoso), mas esta existência física e sentimental, é por si só uma vantagem esmagadora que por condução nos enriquece o espírito.
Na vida, podemos seguir (espero e acredito que assim seja) os caminhos que decidimos tomar e podemos percorre-los completamente, ou melhor, podemos percorre-los, até ser-nos impossível continuar, na medida em que perder todos os objectivos é perder a própria vida.
Hoje, vinha no metro com uma colega do curso intensivo de espanhol que fiz neste mês e a senhora, que tinha um filho mais velho que eu um ano, disse-me em tom de despedida (uma vez que o curso acabou hoje), para eu viver a vida, estar e partilhar o tempo com os amigos, fazer-me à aventura, descobrir coisas novas, novas pessoas, novas gentes, culturas, ideias, tal e qual como o seu filho, um ano mais velho que eu, fazia, no exacto momento em que a senhora sua mãe falava.
Eu, depois de ouvir estas palavras, desfiz-me, como tantas vez acontece, em pó. É, como se o meu coração e todas as minhas entranhas desaparecessem e ficasse só um saco com movimento, oco e vazio (eu gosto de repetir sinónimos).
Eu a cada dia que passa, em que veja a felicidade alheia, fico mais mole, viscoso, podre, como se a minha curta idade fosse inversamente proporcional à minha idade sentimental, eu vejo que estou congelado por dentro. Os meus amigos, não são (ou estão) no nível a que a palavra amigo eleva uma pessoa, eu não passo tempo com eles, eu não conheço novas pessoas e se isso acontece a minha atitude é de fugir a sete pés delas, não me faço à aventura, tenho tudo sob controlo, tenho o relógio adiantado 4 minutos com precisão, chego aos locais que quero ir a horas e as restrições que me coloco amordaçam-me.
Isto tudo para dizer que de vez em quando sou assolado por uma tristeza avassaladora e sufocante.
No entanto tenho o cinema, e é ele a minha droga de eleição (não que eu tenha outra), na medida em que não consigo passar muito tempo sem ir ao cinema, alugar um DVD, ou ver um que tenha comprado, não consigo passar sem visitar os sítios do costume e é o cinema que me faz ser o que sou, o cinema formou e forma a minha pessoa, os filmes que vejo acabam por ser parte da mim, integram-se dentro do que eu sou e não saem, no entanto, mesmo que pudessem, eu não lhes permitiria tal escape, porque aí ficaria realmente um saco vazio e oco.
O cinema é a minha vida, não que eu viva disso, uma vez que por agora vivo à custa dos progenitores, mas é a minha vida, o meu ópio, a minha dependência, porque a seguir a um qualquer filme há uma libertação do mundo exterior, há um flutuar, mesmo que manco, num éden paradisíaco.
Por isso ao longo destes ano eu criei uma dependência mais agravada e quase mórbida com filmes tristes (não pensem que sou preconceituoso, eu vejo tudo o que posso e me interessa, mas sinceramente, são poucas as comédias que têm lugar nos meus Tops), morbidamente tristes, e são da minha eleição os filmes que me façam chorar com uma criança a quem tiraram os chupa-chupa, este ano, chorei como nunca antes havia chorado com um filme (ou qualquer outra coisa) quando vi o Into the Wild, um outro terá sido Mio Fratelo é Fligio único, mas há outros filmes (caso do Couers) em que a tristeza se impregna na carne e, sem a fazer vacilar, corroí-lhe as forças. Este masoquismo da minha parte é derivado de um gosto inquestionável de sofrer (num ambiente controlado que é o filme e o cinema), uma vez que o sofrimento profundo se traduzirá num verdadeiro júbilo de proporções amplas e vastas (lá estou eu de novo), mas com o passar do tempo e do escorrer da vida por entre os dedos, vejo que se calhar esta queda para a tortura pessoal seja mais prejudicial que benéfica.
Espero ansiosamente o Baile de Outono.
Peço desculpa se incomodei, aborreci ou estraguei o dia a alguém mas isto tinha que vir cá para fora e, mais uma vez peço desculpa, se o que veio cá para fora não devia.
2 comentários:
Na corte do rei Louis XVI fazia sentido fazeres uma vénia antes de falares com alguém. Agora... pedir permissão para falar ou calar nos tempos que correm? Por favor... tu tens um blogue, e como ele é teu podes meter nele o que bem te apetecer. Podes não ter ninguém que alcance a categoria de amigo, mas pelo menos uma coisa tu tens: a consciência disso. E isso já é muito importante. Mas também não quer dizer que andes para aí à pesca de amigos... o importante é que não andes fechado à vida, porque senão podes não conseguir ver aquilo que a vida te põe à frente, e que se calhar poderia ser uma óptima oportunidade para fazer amigos. Como és um cinéfilo inveterado, deixo-te aqui um repto: vê o filme Requiem for a Dream (se é que ainda não viste). Toda a gente tem as suas drogas, o seu ópio. A questão é como usá-las em benefício próprio. Podes usá-las para te fechares num castelo de vidro ou podes usá-las para te fechares numa crisálida, para te transcenderes... A realidade é caótica, e não há como evitá-lo. É como na segunda lei da termodinâmica: tudo o que naturalmente acontece, tudo o que é espontâneo, é aquilo que aumenta a entropia do universo. Só há uma maneira de viver a vida, que é vivê-la por inteiro, sem complicações. Ou isso ou deixares que as tuas drogas te consumam... Agora escolhe.
Ainda bem que veio para fora.
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