10.14.2008

5 de cada vez - IV

Agora, e de agora em diante, uma ou duas vezes por semana, vou fazer a antevisão de 5 dos 35 filmes que estão para ser votados na pergunta à esquerda sobre o filme que mais entusiasticamente esperam, esta é a quarta fornada.

Desta vez vou-me lançar nos filmes mais indies do sistema de produção americano.

Synecdoche, New York

Antes de dizer o que quer que seja, vejam este video que o senhor do cineblog me deu a conhecer e que por si só vale a pena ver, antes de qualquer divagação, apresentação ou antevisão do filme em causa.
Depois disto o que há para dizer é que Synecdoche é segundo os críticos a coisa americana mais próxima do 8 1/2 de Fellini, apesar do senhor Charlie Kaufman dizer que nunca foi grande cinéfilo e nunca viu o filme.
Para quem é mais atento, sabe que o senhor Kaufman fez alguns dos mais extraordinários argumentos de filmes dos últimos anos (The eternal sunshine of the spotless mind (Gondry)- que quando este post tiver saído eu já deverei ter visto-, Adaptation (Jonze), Confessions of a dangerous mind (Clooney que vou ver dentro em breve), Being John Malkovich (também do Jonze) e Human Nature (também de Gondry). Ganhou o oscar de melhor argumento com o The eternal ... e foi nomeado pelo Being ... e pelo Adaptation.
Esta é a sua incursão na realização e segundo um dos senhores do slash film que falou com o senhor Charlie durante duas horas e meia que podem ouvir aqui (para quem tiver paciência, eu só ouvi o primeiro quinto), o filme tem que ser visto varias vezes para que se consiga absorver a totalidade de uma obra complexa e muito fechada, mas que é de facto um ponto alto em qualquer cinematografia.
Já me esquecia, o senhor Philip Hoffman entra, por isso já temos razão para não perder. A história trata de um encenador de teatro que tenta equilibrar não só o trabalho como as sucessivas mulheres enquanto tenta (re)criar New York em tamanho natural num barracão como palco para a sua nova peça.
Para já tem 83% no tomatometro, mas só tem 6 críticas.


The Road


A hiperligação do título não leva a nada de especial, mas brevemente o site em causa vai ser actualizado e será aí que teremos direito a trailer, coisa que ainda não há, mas temos aqui uma entrevista com o autor Comarc McCarthy (no country for old men) quando o livro saiu e que eu penso que vale a pena ver e ainda uma entrevista com o location manager em Beaver County onde o filme foi filmada (pleonasmo à parte), uma das coisas que se diz em relação ao filme é que o realizador simplesmente recusou toda a animação digital e CGI e coisas dessas e decidiu transformar uma floresta de uma parque natural num mundo pós apocalíptico e só por isso devia receber um prémio. Para além disso acredito que este possa vir a ser a grande descoberta deste ano dos Oscars (um pouco à imagem de Os filhos do homem).
Com Viggo Mortensen, Charlize Theron, Guy Pearce e Robert Duvall é possivelmente o filme com melhor elenco do ano e se todos se portarem bem, com uma história que deu a Comarc o Pulitzer e se o realizador não fizer asneira temos filme para falar durante muito tempo.
Um pouco à imagem de Ensaio sobre a cegueira o filme não tem nomes, as personagens são conhecidas pelo que são: o pai, o filho, a mulher, o veterano, o homem velho (respectivamente os actores em cima mais o filho que é o estreante Kodi Smith-McPhee), as personagens tentam sobreviver a um desastre natural nuclear numa sociedade em decadência (com canibais e tudo!) e trata-se da luta de sobrevivência de um pai e da sua relação com o filho e a busca pelo oceano (ou piscina) onde supõe que a humanidade se tenha concentrado.


Red

Provavelmente o filme que menos se falou, fala e falará dos que se encontram nas lista dos 35+, então porque razão no mundo eu iria colocar um filme que não será nada de especial (não querendo dizer que os filmes de que se fala pouco são piores que os outros em que isso não acontece, muito pelo contrário) ? E eu respondo com uma palavra única que tantas vezes uso: Trailer.
Sim. Um trailer foi capaz de rejeitar filmes como o recente do senhor Gray (Tow Lovers) e colocar um filme que, coitadinho! (não só o trailer, mas também a passagem pelo sundance).
No mês de Agosto coloquei aqui o trailer e lembro-me que na altura, quando o vi pela primeira vez arrepie-me dos pés à cabeça e da cabeça aos pés e vice versa (é divertido escrever estas coisas)
Temos Brian Cox (Zodiac, Match point, Troy, Adaptation, 25th Hour, vários episódios de Deadwood, The ring, Bourn indentity, Braveheart e Red eye mas em todos como uma actor (muito) secundário), mas que aqui faz o papel principal de um senhor já de certa idade que vive repousadamente com o seu cão na sua velha casa no meio do campo e sem razão nenhuma um conjunto de adolescentes decidem pura e simplesmente matar-lhe o cão e a vingança do 'velhadas'.
O argumentista é o mesmo de The Grudge e The Grude2 (Stephen Susco) e os realizadores são uns novatos (um deles fez um episódio do masters of terror).
Mesmo com tudo isto que parece não apoiar, esta é uma das minhas grandes esperanças e acreditar que um filme menor possa vir a ter sucesso (mesmo que comedido) é sempre satisfatório para o ego (nosso e dos senhores que se empenharam e fizeram a obra)
Tem 62% no tomatómetro, no entanto só tem 21 críticas, não sendo por isso o resultado muito fidedigno.


Frozen River

Este foi o filme que recebeu em Sundance o grande prémio do júri e que quando estreou, deu o mote para se começar a falar de nomeação para o oscar da muitas vezes renegadas para papeis secundários, Melissa Leo e que nos últimos anos tem feito cerca de 5 a seis filmes ao ano.
O filme foi muito elogiado pelo senhor Tarantino e trata de uma senhora (mãe) que para poder manter os filhos a viver (e a si mesma) decide passar ilegalmente imigrantes na altura do natal do Quebec para o Estado de New York através de um rio que está congelado nessa altura do ano (Frozen River), o filme toma a forma de Thriller sufocante e conciso.
86% no tomatometro com 77 críticas no total.
O realizador e argumentista faz a sua estreia nas artes do cinema.


Grace is Gone

Este é o único dos 35+ que não é de 2008, mas sim de 2007, um filme estreado no final do ano passado e que já tivera data de estreia aqui em Portugal mas que pelos milagres da distribuição portuguesa desapareceu até agora e provavelmente para sempre (era para estrear em Fevereiro deste ano), está em DVD nos EUA e aconselho (apesar de não ter visto) a verem de que maneira seja (incluindo a pirataria), porque quando a industria não nos respeita, como podemos respeitá-la?
O filme com John Cusack faz aqui um dos seus grandes papeis, com a inversão (irónica e subterfúgica) de colocar a mulher na guerra e o homem em casa, e a partir de uma ideia tão perfeita, pela simplicidade, criamos uma drama familiar de auto-descoberta, carinhoso e muito refrescante.
Um filme que correu tudo o que foi festival e ganhou prémios atrás de prémios: nomeação para o Grande Prémio do Júri, vencedor Melhor argumento e prémio do público no festival de Sundance; Vencedor de melhor musica original no Satallite para o senhor Clint Eastwood - sim, ele compôs a banda sonora do filme- e nomeado para melhor música e melhor banda sonora nos Golden Globes.
Realizado e profuzido na vaga dos filmes do Iraque onde se podem incluir Redacted, In Valley of Elah e Lions for Lambs, o consenso do rottentomatoes é:


A refreshing departure from the current crop of Iraq war dramas, Grace is Gone is a heartfelt, finely acted portrayal of grief and healing


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