8.24.2009

Cinema Português em Marcha: 1/6 - Introdução

Neste Bloco de 6 capítulos, serão apresentados um total de 15 filmes (longos) portugueses de realizadores nacionais a estrear ainda este ano ou no princípio do próximo, ordenados por ordem crescente de interesse (meu claro, o que torna subjectiva), sendo que espero não ter deixado nenhum título de fora. Apresentarei ainda 3 co-produções estrangeiras com o apoio português e ainda citarei 7 projectos que iniciarão a sua produção dentro em breve e que se espera estarem prontos para o ano, ou ainda para o outro.
Quanto às curtas metragens, publiquei recentemente um artigo sobre as curtas nacionais que se esperam que estreiem em sala este ano, fica só o acrescento: Arena de João Salaviza estreia dia 17 de Setembro, acompanhando a longa Taking Woodstock de Ang Lee (também apresentada em Cannes).
No Blog O Homem que sabia Demasiado, Victor Afonso escreveu sobre o facto de 2.6 milhões de euros terem sido distribuídos por quatro filmes (O Curioso Caso de Angélica de Oliveira, Operação Outono de Bruno de Almeida, Em Segunda Mão de Catarina Ruivo e Mistérios de Lisboa de Raul Ruiz), sobre o qual se iniciou uma pequena discussão sobre o cinema português e os apoios estatais, ao qual acrescentei o meu comentário que deixo a seguir:

Pois bem: quando se diz que o cinema português é mau, está-se a mostrar alguma ignorância, aceitável pela fraca e desconsiderada distribuição em sala dos filmes nacionais (lembremos o primeiro filme longo de Sandro Agilar -A Zona- que esteve só uma semana numa só sala em todo o país e por isso não chegou a ter mais de 500 espectadores).
Por outro lado, basta ver o último filme de Oliveira (Singularidades de uma Rapariga Loira) e perceber porque é que ele é o maior cineasta português, cheio de inovação e destreza narrativa, sem ceder ao facilitismo do populismo comercial (Lembro-me de Corrupção), mantendo o seu estilo e portanto dando alma ao filme (coisa que Michael Bay não deve saber se quer o que é, no entanto gasta 200 milhões nos seu último filme e ,pelos resultados das bilheteiras, o público parece adorar - com um orçamento daqueles, Portugal tinha dinheiro de sobra para apoiar o cinema nacional durante mais de uma década).
Tenho ainda que acrescentar que é também um mito a ideia de que novos cineastas não têm dinheiro: Vicente Alves do Ó acabou de filmar a sua primeira longa (Quinze pontos na Alma), obra com um orçamento de 900 mil euros, assim como João Nuno Pinto filmou a sua primeira longa (América) com um orçamento de 1.4 milhões, ou ainda Ivo M. Ferreira que filmou recentemente a sua primeira Longa (Águas Mil) ou ainda Marco Martins que vai na sua segunda longa (depois de Alice vem How to draw a perfect circle).
Acredito que haja espaço para todos, novos cineastas, grandes nomes (como Oliveira, Fernando Lopes, Vasconcelos, Paulo Rocha, João Mário Grilo, Botelho) e ainda para o cinema comercial (Contraluz de Fernando Fragata ou Uma Aventura na casa Assombrada de Carlos Coelho da Silva são filmes que chegarão dentre em breve às salas portuguesas).
Não me alongando mais devo acrescentar que de facto a atribuição de subsídios pelo ICA é irregular (vejam-se os filmes de Francisco Manso - A ilhas dos escravos e O Último condenado à morte- obras sem sucesso de público, nem crítico, nem em festivais, e no entanto tem apoios para um terceiro filme). Há que lembrar a criação do FICA administrado por uma instituição privada (lobbies ficam em casa) em colaboração com os canais televisivos de sinal aberto ou ainda as novas produtoras como Filmes Fundo ou Ukbar filmes que se têm vindo a destacar-se pela qualidade e ainda a existência de fundos internacionais como o Ibermédia para os países de língua portuguesa e espanhola.

Peço desculpa pela extensão do comentário, mas há coisas que me incomodam e dizerem mal do cinema português é uma delas.

Sem comentários: