1.30.2010

Episódio 1

Em dois mil estreava um filme português, primeira obra de um cineasta marcante na cinematografia portuguesa, João Pedro Rodrigues. O filme de nome Fantasma é das obras mais convulsas e viscerais, que Portugal viu nos últimos anos. Selecção Oficial no festival de Veneza, o filme fez parte, na última segunda feira, de um ciclo da cinemateca composto por primeiras obras (exibido conjuntamente com Parabéns, curta realizada antes desta longa).
Ao contrário do que é normal nestas exibições, os espectadores que ocupavam a sala Luís de Pina tiveram o privilégio da presença do realizador, assim como dois dos seus actores habituais e mais que isto, a presença da nova (e gaguejante) directora da Cinemateca, Maria João Seixas.
Antes da apresentação dos filmes, tivemos portanto uma agradabilíssima 'conversa' a uma só voz, onde a directora expressou a sua ligação especial (e carinhosa) para com filme e para com o seu realizador, o qual teve o privilégio de julgar (no tempo do ICA) para a atribuição do subsídio para a produção de Morrer como um Homem (recentemente estreado nas salas portuguesas).
Uma década depois, o filme mantém-se actualíssimo, não se verga nem um centímetro ao tempo, continua cru, chocante, mas profundamente maduro, senhor de uma consciência social e um conhecimento profundo da natureza humana. Retrato arrepiante da obsessão; este é um espelho de cada um de nós, na nossa mais obscura e decadente forma. Mas lembremos, esta morte interior sobre a qual o filme se constrói é fruto dos mais puro dos sentimentos: o amor.

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