O indie já acabou no Domingo, mas eu ainda tenho que falar dos filmes que vi, por isso, vêm com atraso.
The Robber e Significado/B Fachada são os dois que vos trago.
O primeiro passou em Berlim, esteve na competição internacional e é um filme muito curioso, mostra que se podem fazer filmes de 'acção' (há que elevar bem as aspas) com cuidado, inteligência e um bom estudo dos personagens. Temos um presidiário que é posto em liberdade condicional. É maratonista profissional, recordista alemão. É ladrão de bancos.
O filme vive do personagem, é este homem que vive pelo prazer da adrenalina, que interessa conhecer nas sequências de fuga, é aquele ser reservado, tímido, estranho, que vê nos assaltos uma forma de se sentir vivo. O filme é sobre essa mesma obsessão, sobre a incapacidade de controlar os impulsos, e até que ponto essa dependência pode levar o homem, a espiral de decadência, a animalidade que se esconde a surgir nos momentos de sobrevivência.
O segundo é um documentário de Tiago Pereira sobre a música portuguesa 'tradicional'. Sabe bem ver um filme em que se sente o prazer do realizador em falar com as pessoas, ele desmultiplica-se em mais de 35 entrevistas num filme de uma hora, mas não se limita a apresentar vozes, há ali uma coerência, tudo se liga por uma montagem excessiva [e opinativa?], que espelha outra coisa, o prazer de juntar coisas, sons, vozes, musicas, imagens: o filme chega quase a ser um espectáculo audiovisual.
B Fachada (também de Tiago Pereira), por contradição, viva apenas do personagem infinito que é o músico homónimo, mas perde-se, entre as maravilhosas canções do cantautor e a sua educada e palavrosa persona. Há no entanto que frisar que a busca das origens [a dona Filomena] são uma delícia.
2 comentários:
O problema do documentário sobre o B Fachada (e custa-me admiti-lo) reside no facto de não haver conteúdo. O trabalho do B em 2008 ainda era verde. E, sejamos honestos, ainda o é. Por mais que as suas músicas sejam maravilhosas, o documentário tentou chegar ao fundo de algo que (talvez) ainda não exista. No entanto, creio que para quem não o conhece, este documentário é uma boa apresentação.
isso mesmo, B Fachda ainda não é um autor com história, por isso é difícil trabalhar sobre ele, mas é curioso que o próprio B Fachada reconhece que o documentário está já desactualizado quer na sua carreira quer na de Tiago Pereira, uma vez que desde de 2008 que o B já editou dois LPs e teve um reconhecimento público enorme.
Mais uma coisa, até ao final deste mês de Maio, B Fachada vai editar um novo EP, chamado Há festa na moradia que vai ser editado de graça na net. Segundo ele, este novo trabalho vem contra o disco homónimo (que ele admite ser uma coisa feita propositadamente para a transversalidade), ou seja, o novo disco terá, segundo ele, influências de Bonga e Marceneiro, será uma peça que nem todos vão gostar, ao contrário do último trabalho.
a pouco e pouco Bernardo Fachada vai construindo uma carreira que, essa sim, será digna de um interessante documentário.
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