3# Guerra Civil, é a primeira longa de Pedro Caldas e o único dos 22 filmes que já vi (no Indie, numa sessão com a presença do realizador), assim sendo, para este já não tenho expectativas, no entanto, por ter gostado tanto filme, só vejo que haja mais dois filmes com potencialidades de superar a magnífica experiência que é assistir à projecção deste filme.
Caldas é um realizador que conhecemos de curtas como Pedido de Emprego ou Um Roupão Vermelho Sangue, mas antes de se dedicar à realização, foi técnico de som em filmes como O Sangue de Pedro Costa e Corte de Cabelo do Sapinho.
Pois bem, a história resume-se assim: um rapaz na sua adolescência (no início dos anos 80 com a guerra do Líbano a passar na televisão), passa as férias numa casa de praia com a mãe (e um pai ausente), uns vizinhos e amigos vivem perto e têm uma filha pela qual o rapaz desenvolve uma atracção maioritariamente sexual, essa rapariga será a última hipótese de resgatar o rapaz de uma existência apática.
O que é maravilhoso neste filme é a forma como se desenvolve uma família desconchavada, com uma mulher sedenta da felicidade (sexual), um marido ausente, apesar de bem intencionado e um filho que vive da forma das coisas, que vagueia pelo mato e ouve Joy Division, entre outros; mas o mais extraordinário é como Caldas cria por um lado uma depressão asfixiante em pleno Verão, por outro o realismo que dá ao movimentos, ao gestos, às interacções familiares (há um plano de um revista a ser sacudida da areia da praia que não me sai da memória, ou o beber do leite pela garrafa, ou um jantar silencioso; contemplativo é se calhar a melhor palavra, mas nunca realista no sentido estrito).
Podem ler a crítica da Visão, do Rascunho, um artigo do ípsilon, a sinopse do indie (onde ganhou o prémio para melhor longa nacional) e algumas imagens do filme passadas no Câmara Clara, aconselho ainda a visita ao sítio da Black Maria, a produtora do filme e relembro que o filme esteve presente em Cannes no Marché du Film.
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