Werzog apesar da frieza de rocha não é indiferente ao espectador, sabe que nós, deste lado estamos à beira da explosão, sabe que toda aquela situação de morte em latência é irrespirável, portanto ele motiva um certo humor, estranhíssimo escape. Quando um dos criminosos presos lhe explica o sucedido durante uma perseguição, ele pergunta-lhe sobre o facto de as balas alojadas no corpo não interferirem com os detectores de metais, assim, sem mais nem menos, uma gargalhada. Isto repete-se várias vezes, porque será sempre por ali (pelo humor) que nós nos vamos mantendo capazes, inteiros.
Mas aquilo que mais me alegra são as tangentes que Werzog constrói, quando, a meio de uma entrevista ele encontra um filão e explora-o: neste filme há um rapaz que tivera problemas com um dos condenados, depois de nos dizer aquilo que é suposto, eles eram isto e fizeram aquilo, começa a falar de si, de como não sabia ler mas foi a prisão que lho ensinou (quase a tentar emprestar uma luz ao enclausuramento de 40 anos) e que agora é casado e ama a sua recém nascida filha; noutros filmes estes desvios ocorrem de forma igualmente surpreendente, no anterior Cave of forgotten Dreams ele encontrava um arqueólogo que lhe contava a sua anterior vida de malabarista de circo, ou por exemplo Encouters at the end of the World que é (como se percebe pelo nome) um filme todo dedicado a descobrir quem são as pessoas que vivem na Antártida.
Este desejo por descobrir um certo encanto em todos os seus entrevistados é o que me seduz nos documentários de Werzog, quer seja o condenado à morte que lhe conta a história da suas férias de verão aos 13 anos, ou um reverendo que lhe explica o maravilhamento de encontrar um casal de esquilos passeando pela relva verde do campo de golf.
Sem comentários:
Enviar um comentário