Mas talvez o que seja mais curioso abordar no filme é uma certa prespectiva religiosa que se vai apresentado no filme muito subtilmente e que impregna os personagens de uma realidade beata que nos é tão familiar.
A certa altura a avozinha grita, já em desespero ao aperceber-se do deteriorar da situação, é o Apocalipse. Claro que não! Mas logo depois, quando já bem amarrados, a ex-mulher e o novo companheiro, o nosso 'herói' explica-se: não fui eu que causei isto (o apocalipse) foram vocês que causaram isto a vós mesmos, foste tu (à mulher) que me trais-te, aliás, não me trais-te só a mim, trais-te jesus cristo. Aqui está! frase magistral (quase tumular). De certa forma é esta a natureza escondida do filme; tudo se organiza no sentido da culpa (coisa mais cristã não há) e da forma como todos nós somos os supremos pecadores.
Neste sentido temos uma sequência muito emblemática deste princípio (a qual é como que introdução temática ao que que vai acontecer): pai e filha, ternorentamente olham da sua varanda um funeral. A menina, inocentemente pergunta, achas que aquele senhor vai para o céu ou para o inferno (a resposta do pai é a costumeira), mas depois as coisas divagam e começamos a adivinhar o destino dos elementos do agregado, mas a resposta é politicamente correcta, a mãe e a avó (e até o novo senhor) vão para o céu, ele inclusive terá direito de passagem não tanto pelo bem que fez, mas pelo que já teve que penar (ai que cristão).
Tudo gira sobre isso, sobre o sofrimento como coisa renovadora, sobre a culpa como motivadora de sofrimento.
Depois de cair de uma boa altura, de estar estourado e ensanguentado (ou seja, depois de muito sofrer) o homem pede auxílio numa farmácia, o polícia que o ajuda diz-lhe, depois de devidamente desinfectado e ligado, levanta-te e caminha. (é preciso dizer mais alguma coisa)
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