4.19.2008

À Quarta é sempre melhor

Primeiro que tudo, quarta não corresponde ao dia da semana, mas sim ao conjunto de quatro; e ficava muito mal escrever ao quarteto (nem que seja pelo que me faz lembrar a palavra, o belo cinema que tínhamos e que foi fechado por um mesquinhismo associado á morte do seu fundador), mesmo que fosse verdade, pois ao quarteto é sempre melhor que muitos dos cinemas que agora vou, enquanto este permanece fechado.
Aqui a quarta corresponde a um conjunto de filmes que em nada se ligam com uma excepção, a sua classificação (mesmo que esta seja incorrecta), ou seja são quatro filmes de género, são quatro filmes de terror.
Durante as últimas duas semanas vi dois filmes de "terror" no cinema e outros dois em casa, dois eram excelentes e dois eram interessantes, dois eram muito baratinhos e independentes e os outros tinham grandes realizadores e produtoras por trás.

Pela ordem de visualização, comecei pelo recentemente editado em DVD, que esteve em sala um par de semanas no final do Outono do ano anterior e que esteve na lista de estreia durante tempos infindáveis sempre a ser adiado, é o filme ELES, realizado pela parelha David Moraeu e Xavier Palud, estes dois estreantes fizeram uma coisa que eu não via desde á muito tempo, um filme de terror que versa sobre um tema que é verdadeiramente interessante e que mete realmente medo, um filme inteligente, filmado em Mini-Dv (o mais barato dos sistemas digitais) um filme curto que nem chega á uma horas e vinte minutos mas que sabe balancear tudo, um filme que não tem muito sumo para dar, mas as gotas finas que dele pingam são de ébano, de doçura e simplesmente perfeitas, um filme que de facto deveria ser descoberto o mais rápido possível e em que o formato DVD é sem dúvida o melhor a esta altura do campeonato. O filme está já a ser adaptado nos estados unidos com actores americanos, quem se americanizou, não foi só o filme, mas também a parelha de realizadores que foram para os estados unidos e fizeram o (quase a estrear em Portugal) remake do the Eye, que era um filme japonês, e que agora tem Jessica Alba, mas pelo que li o filme não tem sido muito bem recebido.
Aqui fica o link para o trailer do remake americano que se chama the strangers (e que verdade seja dita tem algumas diferenças profundas) e o trailer do original.

8/10- Muito Bom

Em segundo vi The Mist, um dos grandes filme que estreou este ano (não estou a contar com os nomeados e vencedores dos oscars de 2007), é um filme que tem o selo de Stephen King, o mestre do Terror (como já lhe chamaram) e realizado pelo seu fiel acompanhante nestas andanças das adaptações cinematográficas, o senhor Frank Darabont, que adaptou do novelista os seus mais importantes filme como Os condenado de Shawshank, e the green Mile (acho que em português era Á espera de um milagre).
Neste filme temos que ser sinceros, as interpretações não são as melhores, exceptuando a senhora Marcia Gay, que faz de uma maravilhosa extremista religiosa, essa sim é excepcional, e segundo um crítico dos RottenTomatoes devia ser homenageada pela academia, no próximo ano, pelo menos com a nomeação para melhor actriz secundária (mas a academia tem memória curta e o que não estreia na época dos oscars não é nomeado veja-se o caso de Zodiac). Este filme junta quer a nossa ideia de terror em que bichos feios e maus nos querem comer á ideia que o terror e aquilo que devemos recear não são os bichos, mas sim as pessoas que nos rodeiam, um extraordinária dissertação sobre como o ser humano sobrevive á pressão, um divagação sobre o apocalipse e um pensamento longo sobre a religião, os pecados e a pureza da alma.
Aqui fica o trailer, se ainda não viu o filme, não veja o trailer, porque este conta coisas de mais, mas o fim será sempre um surpresa já esperada e antecipada, quando vir, verá que o que escrevo é a mais pura das verdades.

9.5/10- Excelente




O terceiro que vi, foi um filme alugado lá no meu club de vídeo, dos quatro, o melhor e dos quatro o que menos filme de terror é. A Vila, filme com o estilo de terror apenas para efeitos comerciais, mas que na verdade é um dos mais maravilhoso filme de sempre e um dos melhores do sempre genial Shyamalan, que neste filme cria uma história perfeita, em que cada enquadramento é uma obra de arte, em que não conseguimos respirar da beleza de cada excerto, em que o amor é efervescente, que circula como o ar que respiramos pelos espaços que vemos, em que os nossos ouvidos são expostos á mais bela composição e que cada ruído é motivo de curiosidade em que as personagens são extraordinária e em que se mostra como uma sociedade reage ao medo, reage á infelicidade e á imaginação. Um filme que aconselho que todos vejam, uma maravilha, uma perfeição.

10/10-Genial

Por fim e o mais fraquinho dos quatro o já aqui referenciado [REC], vencedor do Fantas, que todos diziam ser um dos melhores filmes de terror desde á muito tempo, que metia medo de verdade e que era uma obra prima, a parte de meter medo de verdade, é mesmo verdade, se dos quatro há algum que me fez ter medo de andar em casa ás escuras foi este, eu ainda ontem, tive que ligar as luzes do corredor para chegar ao quarto e lá foi um sacrifício desligar a lâmpada da mesa de cabeceira. Não me sai da cabeça algumas imagens de mulheres todas esfarrapadas muito magras, com a cara sem dentes e todas lacerada e que tentam morder as pessoas que encontram enquanto gritam espavoridas de fome ou de simples maldade.
Por outro lado e vendo o filme de um ponto de vista mais racional e menos emocional, este nada inventa na história do terror, não desenvolve (salvo uma ligeira crítica aos meios de comunicação) nada mais do que um terror que se limita ao entretenimento, mas nesse ponto o terror é excelente, apesar dos clichés e da fraca inovação, acompanhada de um terror demasiado gráfico, que torna o filme mais visual e gore que um terror mental, verdadeiro e eficiente (como no eles).

Mas o filme no que se propõem a fazer, que é meter medo, é bom, muito bom, mas para além disso acredita que a formula anteriormente usada chega para o sustentar, o que apesar de acontecer, não significa que o filme seja bom (mas é melhor que o Cloverfield).
Realizado pela parelha Jaume Balagueró e Paço Plaza. Quarentine, o remake americano de [REC], está para breve sendo prevista a sua estreia ainda este ano de 2008. Reparem nos créditos quando virem o filme, o director de fotografia é memo o “Pablo” pelo qual a rapariga grita, ou seja quem segura na câmara é mesmo o director de fotografia, que só é visível lá para o fim. reparem também que os realizadores agradecem a um empresa de estômagos de vaca nos créditos do filme (agora percebo de onde vêm aquelas coisas).
7.5/10-Interessante

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