Se o post anterior se limitava a descarregar de uma série de eventos mais ou menos felizes e de despejar-me daquilo que Australia significa, agora vem a mostra de reflexão, um dia passou e as ideias amadureceram, estão prontas a comer e não se querem podres, por isso estão de facto no ponto, se assim se pode dizer.
Australia é a soberba formulação de cinema, mesmo que caia em clichés, em lugares comuns, em momentos gastos, tudo parece novo, vital, rejuvenescido, e Baz faz magia em forma de película, tanto através das imagens, mas principalmente através da pujança de contar uma história, há neste filme uma ode ao cinema e a tudo o que ele significa, é um hino ao cinéfilo, ao amante da 7ª arte; é um portento.
Podem chamar-lhe uma manta de retalhos, que se perde em diferentes géneros sem escolher a forma mais correcta, podem chamar-lhe desadequado, fora de moda ou simplesmente pretensioso, mas este filme baseia-se na forma lúcida e (quase) perfeita de Luhrman pensar o cinema e para ele, cinema é isso mesmo, algo maior do que a vida, maior do que nós mesmos, larger than life, não se querem realismos frenéticos de novos cineastas com falsos documentários, quer-se força, vida, alegria e emoção, quer-se cinema no seu estado mais puro de contar uma história.
Australia não é perfeito, mas a sua coragem de arriscar, de fazer o que mais ninguém imaginava poder-se fazer, só por ser irreverente, este filme merece os nossos corações, e claro, tudo o resto fá-lo merecer a nossa aclamação.
Obrigado senhor Baz por me fazer separar do mundo, esquecer que estou dentro de uma sala de cinema e levar-me para 'a far away land'.
Muito obrigado.
P.S.:Ler isto e isto do senhor Mourinha, que é o único lúcido crítico de cinema (pelo menos no que a Australia diz respeito) e bom ano de 2009
2 comentários:
Sim, essas opiniões são de facto refrescantes. Também as tinha lido e fiquei feliz com elas. É pena que Australia tenha sido trucidado pela crítica.
Abraço
Concordo plenamente contigo. E é por isso que gosto muito do cinema de Baz. Tem a devida coragem de arriscar e de fazer do cinema um puro espectáculo como poucos o fazem. Eu gostei de Austrália mas confesso que estava à espera de mais. De todos os filmes de Baz acaba por ser o menos preferido mas não deixa de ser um grande filme. E como tu dizes e muito bem: "Obrigado senhor Baz por me fazer separar do mundo, esquecer que estou dentro de uma sala de cinema e levar-me para 'a far away land'."
Já agora faço-te dois convites. O primeiro em participares nas Críticas do Leitor do Ante-Cinema. Tens aqui uma opinião curta mas bastante directa e elucidativa. O segundo trata-se de, se quiseres, participares na eleição do Melhor e Pior Filme de 2008 no Ante-Cinema.
Grande abraço e um excelente 2009 para ti.
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