9.15.2009

O que ficou de Veneza

Depois dos prognósticos: os diagnósticos.


Acabado o Festival de Veneza percebemos que:
  • Herzog está em mais do que forma, apresentando dois filmes em competição (Bad Lieutenant e My son, my son, what have you done?), assim como Brillante Mendoza, que depois de ter ganho o prémio para a realização este ano em Cannes, apresenta novo filme em Veneza - Lola
  • O cinema italiano continua a ter mais parra que uva (desde 1998 que um filme italiano não ganha o festival), sendo que Báaria tem tudo em quantidade menos a qualidade, Il grande sogno é ainda muito politicamente correcto (uma vez que é produzido por uma das produtoras de Barlusconi assim como Báaria). Não esquecer La Doppia Ora e Lo Spazio Bianco que são exemplos de cinema conspurcado pela televisão, sem defeitos, mas também sem virtudes.
  • Quem sabe, sabe. E os americanos sabem. Michael Moore apresentou Capitalism: A love story, Todd Solondz apresentou uma derivação de Happiness - Life During Wartime, de Herzog (que já é mais americano que Alemão) já se falou, Romero não desiludiu e Tom Ford surpreendeu tudo e todos com um melodrama lento e frio, fechado hermeticamente no seu mundo, A single Man. Ainda pela americanidade não esquecer The man who stare at goats.
  • Mas a americanidade nem sempre é coisa que se cheire, The Informant (Soderberg parece não estar ao nivel) e The Road de John Hillcoat parece morninho.
  • Política foi tema de combate, The informant parece feito directamente para a crise, Capitalism não parece, é-o. O novo de Oliver Stone, South of the border não fica atrás no que respeita a polémica, pateado e apupado.
  • Mas mais do que tudo, este foi um festival do médio-oriente, Lebanon de Samuel Maoz, Women without Men (na imagem) de Shirin Neshat, Tehroun de Nader T. Homayoun, Green Days de Hana Makhmalbaf, The Traveller de Ahmed Maher e Soul Kitchen de Faith Akin. O primeiro sobre a guerra entre israel e o Libano, o segundo sobre o golpe de Estado, para o qual juntaram esforços o xá e a CIA, que derrubou o primeiro-ministro Mohammad Mossadegh, ou seja, aquele que foi o último momento de democracia no país, o terceiro sobre os bairros de lata do Teerão, o quarto é um documentário sobre a candidatura presidencial de Mir-Hossein Mousavi, o quinto é um filme sobre um homem, em três dias da sua vida, cada um separado por cerca de 20 anos e por último é um filme que a única ligação que tem àquela parte do globo é o realizador, Alemão de origem Turca.
  • África também bateu o pé através do White Materials de Calire Denis que põem a branquinha Isabel Huppert no meio dos conflitos africanos, ou ainda Between Two Worlds, que parece coisa doutro mundo, filme como torrente, coisa de oralidade filmada.
  • Fica ainda a atenção redobrada para Lourdes, Accident e Mr Nobody.
  • Rivette passou ao lado!

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