7.13.2010

Cinema Português em Marcha: 1/23 - Introdução

Pelo terceiro ano consecutivo (1 e 2), faço uma antecipação dos filmes portugueses (este ano centrar-me-ei nas longas de ficção, mas haverá um artigo dedicado às curtas e documentários), este ano será o maior dos empreendimentos com 22 longas de 21 realizadores desde novas vozes na longa como Pedro Caladas e Paulo Rebelo a nomes consagrados como Paulo Rocha e Manoel de Oliveira.

Apesar do número surpreendente de produções poder dar a ideia errada, estes são momentos difíceis para o cinema português, depois do manifesto, da paralisação do FICA e agora com os cortes cegos do Ministério da cultura, 20% do PIDDAC, 10% do ICA e a alienação do património social do estado na TOBIS (adoro este eufemismo de privatização) o cinema nacional geme neste preciso momento com rodagens paradas, pós-produções em espera, sendo que muitos dos filmes que vos apresento poderão mesmo nunca chegar a estrear por os subsídios já contratualizados pelo estado nunca virem a ser pagos.

Há que compreender que o cinema em Portugal vive dos apoios estatais e será sempre não-lucrativo do ponto de vista unicamente financeiro, daí que seja de facto extraordinária a ideia peregrina de que se iria construir uma industria audiovisual sustentável com o FICA (não que eu seja contra o fundo, mas poucos são o filmes de lá vindos que merecem esse nome). No entanto a ideia de que o estado deve ser responsável pelo cinema é demagógica e perigosa (não esquecer que os júris do ICA não são propriamente imparciais e são de uma incompetência extraordinária a analisar orçamentos ou a justificar o porquê das suas decisões), há que acreditar no sector privado da mesma forma que o cinema do Brasil vem fazendo (lembrar que em Portugal a percentagem do PIB para a cultura é de 0.4% e no Brasil é de 1%), isto é, através de benefícios fiscais para as empresas que apoiem projectos culturais, sendo que a Petrobras é mesmo a maior 'produtora' de cinema no Brasil; cá caminha-se no sentido oposto, com a redução dos benefícios fiscais para os privados e empresas.

Um Funeral à Chuva, apesar de todas as suas dificuldades técnicas e do argumento, é sintomático de uma situação em que o desejo de fazer cinema é superior àquele que o estado tem de o apoiar e através de investimentos dos próprios e auxílios de inúmeras empresas do zona da Covilhã, surgiu um filme independente e despretensioso que conseguiu mais nas bilheteiras que muitas [trampas, leia-se 100 volta e Fascínio] obras financiadas.

Mas vamos aos filmes que é isso que importa, pão e circo.

P.S.:A partir de amanhã, e diariamente, será feita a antecipação, em 20 publicações, de 22 longas, ordenadas pelo interesse que tenho por elas (começa com as mais fraquinhas e vai aumentando), no final sairá um artigo sobre os documentários e as curtas mais antecipadas e depois uma conclusão.

1 comentário:

Tiago Ramos disse...

Olá,

Não encontrei o teu e-mail, pelo que se estiveres interessado peço-te que respondas para splitscreen.blog@gmail.com:

Venho por este meio convidar-te para seres o próximo convidado de uma rubrica do Split Screen: A DVDteca Ideal.

A ideia é por demais simples e já bastante vista em revistas do tema ou blogues. A aceitares o meu convite, gostaria que me indicasses quais os 10 DVDs que consideras indispensáveis na colecção de um bom cinéfilo e que justifiques - breve e concisamente - o porquê da tua escolha. Se não os conseguires colocar por ordem de preferência, pelo menos indica o teu favorito de sempre.

Aguardo feedback,
Cumprimentos,
Tiago Ramos
Split Screen Blogue